Trem das Cores

Estou mais calma.
Não cem por cento ainda, mas melhor, menos angustiada.
Preciso pensar ainda, definir como os próximos dias, meses e anos vão ser.
Tenho que encarar de uma vez por todas que preciso definir o que eu quero fazer com a minha vida. Amanhã eu volto, espero que para começar.

Estou mais calma. Como diria Cauby, chorei, chorei, até ficar com dó de mim. :)
Chorar é bom, dá uma sensação de alívio.
Agora vou comer e assistir à novela.
Are baba!!

Por que eu tenho medo de crescer?
O que é que me apavora tanto quando penso em uma vida adulta, responsável, organizada, independente? Será medo de ficar sozinha?
Putz. Olha como são as coisas. Há alguns meses, em meio a uma crise amorosa, meu psiquiatra me disse que o meu problema é "a angústia de ficar sozinha". Lembro que na época relacionei isso com relacionamentos amorosos, e disse a ele que eu já tinha ficado muito tempo sozinha. E ele respondeu que não é o "ficar sozinha", e sim a angústia de ficar sozinha. Eu não entendi muito bem.
Agora, começando a escrever o post, quando digitei a pergunta "será medo de ficar sozinha?", parece que acendeu uma luz dentro de mim. Como diria a Oprah, foi um "aha moment". Lembrei do que o psiq falou. E agora parece que tudo se encaixa. Que eu tenho medo de crescer eu já sei faz tempo. Mas agora entendi que meu medo de crescer é o medo de ficar sozinha. De ter que me afastar da minha família, das pessoas que eu mais amo no mundo. Por alguma razão que eu não faço ideia, eu associo crescimento a me afastar da minha família, a ficar sozinha. Virar uma pessoa adulta significa se afastar das pessoas que amamos? Claro que não. Mas diga isso pro meu inconsciente. Sabe-se lá a bagunça que não está acontecendo lá dentro (do meu inconsciente). As coisas que eu sinto, os medos que eu tenho. Racionalmente eu posso até rir deles, porque eu sei que não têm fundamento. Mas não é tão simples assim.
O que eu preciso agora é ensinar meu inconsciente que ele não precisa ter medo, que crescer é bom, faz parte da vida. E que eu preciso crescer, não posso permanecer criança pra sempre. Eu sinto agora como se eu fosse uma menininha bem pequena, enrolada nos braços da mãe e do pai, com medo dos raios e trovões e da chuva que cai lá fora. E é bem assim que eu estou. É bem assim que tenho estado nos últimos 36 anos. Desde que eu nasci. E aqui é tão quentinho e gostoso que eu não quero sair. Sair daqui pra quê? Pra ir pra onde? Pra ficar sozinha no mundo?
Aí é que está o ponto. Por que é que eu acho que crescendo eu vou ficar sozinha? Eu sei que se eu cair minha família vai estar lá do meu lado pra me proteger, pra me amparar. Eu nunca vou ficar sozinha. Mas por alguma razão lá dentro, lá no fundo, esse medo me consome. E me impede de seguir com a minha vida, me impede de ser uma pessoa adulta, responsável, independente.
E eu tô chorando sem parar desde domingo. Domingo acho que eu percebi pela primeira vez que meu irmão, lindo e amado, cresceu. E tem a vida dele. E isso me deu uma sensação de abandono que nem consigo explicar. Foi como se, não sei, não dá pra explicar mesmo. A sensação que eu tive foi de que agora ele é adulto, tem a vida dele, a namorada dele, não precisa mais de mim. Não precisa mais de nós, meus pais e eu. As coisas que eu ajudava ele a fazer, agora a namorada ajuda, a família da namorada ajuda.
Eu sei, eu sei, parece ciúme bobo. Mas não é. Eu amo a namorada dele. Mas me veio a sensação de que se ele não precisa mais de mim, não vai mais me amar, não vai mais me procurar. Eu sei o quanto isso é absurdo. Sei que o fato de ele ter virado adulto, ter a vida dele, as coisas dele, a namorada dele, etc., e conseguir fazer as coisas sem precisar de mim, não significa que ele deixou de me amar, que vai se afastar de mim. Eu sei disso, racionalmente eu sei. Mas aqui dentro... não há o que me convença. Estou me sentindo abandonada. E agora consigo entender exatamente o que meu psiq quis dizer com a angústia de ficar sozinha.
Será que também significa que, quando eu olho para o meu irmão, eu percebo que eu também tenho que virar adulta, que a hora é agora, que não tem mais como escapar? É como se uma voz lá dentro me falasse "agora é sua vez, não adianta mais se esconder. Você tem que sair do ninho, tem que ir para o mundo, tem que ter a sua própria vida". Por que é que eu acho que ter a minha própria vida significa ficar sozinha? De onde eu tirei isso? De onde eu tirei que meu irmão vai se afastar de mim porque tem a vida dele, independente da nossa? De onde vem esse medo absurdo?
As pessoas não crescem, viram adultas, responsáveis, têm suas vidas? Não é assim com todo mundo? Por que eu tenho medo do que é tão normal para a maioria das pessoas?
Ver que o meu irmão conseguiu me faz sentir um misto de admiração com abandono. Admiro porque ele conseguiu algo que eu não consegui ainda, mas me sinto abandonada porque agora ele saiu do ninho, e eu não tenho mais meu companheirinho aqui perto. Mas a distância física, o que importa? Não é ridículo isso?? Ele não está longe.
O que é que está acontecendo comigo?????

Estou com um aperto no peito. Não sei porquê.
Acordei cedo, fui pra aula. Chegando lá, nada de aula!! A transmissão por vídeoconferência não estava funcionando, ou algo parecido.
Tomei um café na cantina e vim embora.
Só quando cheguei em casa começou esse aperto no peito. O que será isso?
Noite passada, enquanto não conseguia dormir, resolvi que a partir de hoje vou tentar começar a me disciplinar, a disciplinar minha vida, meus hábitos. Uma coisa de cada vez, devagar, baby steps. Vou ter que me educar, bem do comecinho, como se eu fosse mesmo uma criança de 1 ano aprendendo a andar e a falar. Porque é assim que eu sou, minha imaturidade se compara mesmo a uma criança aprendendo a dar os primeiros passos. Mas agora não quero escrever. Eu queria quando comecei o post, mas mudei de ideia. Volto mais tarde e vou tentar explicar o que quero começar a fazer.Por enquanto, continuo na mesma. Angustiada, aperto no peito, e parada, imobilizada no mundo.

Não consigo dormir. Os pensamentos sobre todas as coisas que tenho que fazer, tudo o que eu tenho que mudar em mim, me impedem de relaxar.
Acabei de ler alguns artigos incríveis sobre vários dos problemas que me atormentam agora. Eu sei que existe solução, eu sei que eu consigo. Mas preciso de coragem para começar, de alguma maneira. Baby steps. Lembrei desse termo. Lembram do filme "Nosso querido Bob" com o Bill Murray, em que ele era doido e perseguia o psiquiatra, interpretado pelo Richard Dreyfuss? Pois é. O psiquiatra falava que ele tinha que começar aos poucos, dando passos de bebê. Baby Steps.
É assim que eu preciso encarar tudo o que tenho que fazer daqui para a frente, se eu quiser mudar minha vida, se eu quiser crescer e ser feliz. Aos pouquinhos, com um passinho pequeno de cada vez. Passinhos de bebê.

Eu tô cansada e desanimada.
Nem sei se quero escrever, nem sei se quero fazer blog.
De repente estou duvidando de tudo, de novo. Da minha vida, das minhas escolhas, do que eu quero, do que eu sei, do que eu faço. Novamente estou em crise comigo. Será que desta vez é "a crise", aquela que finalmente veio para me sacudir, me tirar do marasmo e me devolver à vida? Espero que sim, porque não aguento mais não saber o que fazer, não saber quem eu sou. Cansei de não fazer nada, cansei de não ter vontade de nada. Não aguento mais ficar parada e sentir que a vida passa por mim e eu continuo no mesmo lugar. Por que eu não tenho vontade de viver? Quer dizer, de viver eu tenho, mas por que não tenho vontade de construir alguma coisa? Por que só tenho vontade de ficar em casa, de não fazer nada, de me esconder do mundo?
Eu tô cansada de dar desculpa dos meus comportamentos, de dar desculpa até pra mim mesma. Quem eu quero enganar? Uma hora é a depressão, outra hora é porque eu tô gorda, outra hora... sempre tem um motivo. E assim eu vou ficando. Parada. Estagnada, imobilizada por alguma coisa que não sei o que é. Ou melhor, eu sei: medo. Mas medo de quê?

Nem tudo tem começo, meio e fim.
Aqui, sinto que estou começando pelo meio. Ou pelo fim?
Não faz muita diferença agora. O que eu preciso é mudar. Minha vida, meus hábitos, meus pensamentos, meu mundo. Minha forma de ver a vida. Minha forma de me ver. Tudo está uma confusão sem tamanho, e eu preciso me organizar.
Preciso organizar minha vida, meus objetivos, meus pensamentos, tudo, tudo. Será que este blog vai me ajudar?