Trem das Cores

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Sessão Freud explica

Muito trabalho nos últimos dias, mas estou de volta.
Hoje tive outra consulta "insightful" com meu psiquiatra.
Lembram que ele tinha dito que o meu problema era a angústia de ficar sozinha? Pois é. Eu disse hoje pra ele que fiquei o mês todo pensando nisso, e não tinha chegado a uma conclusão do que ele quis dizer. Falei que já fiquei sozinha várias vezes, e algumas por muito tempo até, entre meus relacionamentos. E que me sentia bem sozinha, que não ficava angustiada. Aí hoje ele me explicou: com ficar sozinha, ele quer dizer não estar emocionalmente apegada a ninguém. Ninguém que ele quer dizer é um homem por quem eu sinta alguma coisa, claro. Ele disse que durante a minha vida eu, ainda que estivesse sozinha, sem namorado, sempre estava emocionalmente ligada a alguém. Interessada em alguém, flertando com alguém, essas coisas.
E putz. Não é que ele tem razão? Achei isso muito, muito bom. Ele ter me dito isso, e eu conseguir enxergar isso.
Realmente, desde que eu comecei a namorar - e antes, até - eu sempre estava ligada em alguém. Podia ser um amor impossível, daqueles de adolescente; uma paquera que não ia dar em nada; um 'ficante'; um 'fantasma', como o R., que em 9 anos nunca deixou de aparecer pra me atormentar, ou seja, e nunca fiquei sozinha, sozinha - sem estar interessada em alguém, apaixonada por alguém, fazendo planos ou esperando alguém. E é isso que ele diz que me causa angústia. Eu não consigo ficar sozinha.
E aí ele me explicou várias coisas, nossa, e eu comecei a falar pra ele vários aspectos da minha vida que foram influenciados pelo fato de eu ser assim. Sabe quando alguém fala uma coisa pra você que parece que te dá uma luz? Foi isso que eu senti hoje. Agora consigo entender muito dos meus medos, inseguranças, das minhas 'travas', dos meus boicotes a mim mesma.
Eu sempre procurei estar, ficar de uma certa forma que nunca estava sozinha, sem nenhuma perspectiva de algum relacionamento amoroso, ainda que fosse só 'viagem' da minha cabeça. E ele disse que eu preciso disso. Preciso ficar sozinha. E aí vou conseguir redefinir várias coisas na minha vida. Não é o máximo?
O plano, agora, é eu conseguir fazer isso. Eu disse pra ele, e ele concordou, que a impressão que eu tenho, depois de ouvir isso dele, é que eu passei minha vida toda esperando o meu príncipe. Sabe como, parada na janela esperando o príncipe vir me buscar, resolver minha vida, cuidar de tudo pra mim? É a sensação que eu tive hoje, depois do que ele falou. E é isso mesmo, ele concordou. Por isso a angústia de ficar sozinha: quem vai cuidar de mim, resolver minha vida, se eu estiver sozinha, sem um namorado, marido, paquera, whatever? Nem que seja um ex-namorado que more do outro lado do país, mas se eu tiver um contato com ele - ainda que pouco frequente - não me sinto sozinha, me sinto segura. Não é uma loucura isso? Nada saudável!!!
Como eu nunca tinha percebido isso antes? É tudo tão óbvio pra mim agora. As escolhas que eu fiz na vida, as escolhas que eu não fiz, todas as vezes que eu me boicotei, deixei de ir atrás dos meus sonhos, fiquei parada esperando. E nunca tive consciência disso, só hoje. Claro que agora é óbvio: a pessoa que eu sempre esperei que resolvesse minha vida, que cuidasse de mim, que definisse pra onde eu iria - essa pessoa sou eu. EU. EU e mais ninguém. E eu sempre fugi de mim, sempre me fingi de morta, sem perceber que se eu não assumisse e cuidasse dessas coisas - da minha vida - ninguém faria isso por mim. E nesse tempo todo eu sempre achei que estivesse tomando conta da minha vida. Mas não estava!!!
E outra coisa que me veio à mente agora: vocês lembram que eu contei que no mês passado meu médico me disse que o fantasma era eu? Que eu era meu próprio fantasma? Putz, agora eu entendo o que ele quis dizer. Eu sempre fui meu próprio fantasma, eu sempre estive entre mim e meus sonhos, minha vida adulta, minhas lutas, minha coragem. Era eu. E nunca percebi isso.
Até hoje eu sempre pensei que me conhecia tanto, que sabia tanto sobre mim. E agora vejo que não sabia nada. UAU. Eu amo meu psiquiatra (um amor totalmente não-romântico, que fique bem claro!) :)

A pergunta que não quer calar é: e agora, o que eu faço com isso?? Agora vou precisar trabalhar muito, aqui dentro de mim, pra ter coragem de mudar tudo isso. Porque eu só tenho uma saída, um caminho: mudar esse meu jeito de ser. E assumir minha vida. Antes tarde do que nunca, né??
posted by Karime at 23:31

3 Comments:

Oi Kaká, pois é, antes tarde do que nunca. Sei que você vai conseguir trilhar esse caminho, e no final vai se sentir muito mais livre e com espaco para amar a pessoa certa: você. Depois disso o resto acontece naturalmente, porque se amando e estando realmente livre, alguém interessante, que te ame de verdade, acaba aparecendo.
Perca o medo de estar sozinha, se liberte.
Beijo

8 de maio de 2009 às 02:03  

Nós só conseguiremos fazer alguém feliz quando a gente estiver feliz conosco mesmo...sem precisar de uma segunda pessoa. Mas confesso que para mim isso é muito complicado. Quase impossível. O ser humano deposita a sua felicidade em outra pessoa. Ou, pelo menos, a esperança de sua felicidade.

9 de maio de 2009 às 16:46  

OI KaKa, entrei em seu blog..e me identifiquei com tudo que você está passando. Também estou nesta busca, e é através do nosso auto-conhecimento que conseguimos viver melhor. A Logosofia tem me ajudado muito. Depois procure saber um pouco desta ciência da vida..
Abraços, Ana Cristina /Uberaba/MG

27 de julho de 2009 às 19:04  

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